Quero iniciar essa nova sessão com algo tão importante quanto os temas anteriores, que é o viver coletivamente, criar formas de nos aquilombar, reconexões e ancestralidade que já são parte de nós.
Em novembro vivi uma experiência marcante e amorosa que me fez ter o desejo de escrever, mesmo tendo enfrentado uma viagem de ida e volta longa. Quero registrar os momentos vividos para curtir e celebrar esta grande conquista que o Desenrola e Não Me Enrola me proporcionou.
Fiquei tão feliz e grata que divido aqui com vocês o valor do cuidado afetuoso, coletivo e a experiência que podemos trocar com nossos pares de forma amorosa e não violenta.
Podemos nutrir uns aos outros com a troca, o reconhecimento e o respeito que podem gerar bons momentos, boas energias. Ter a certeza que esse é o caminho, que como disse no encontro: Vou insistir nesse caminho, acredito que é sobre a ancestralidade que realizo esse trabalho e que são ELES que nos aproximam de formas poderosas e misteriosas. Realizam conexões para podermos vencer, curar, construir, realizar, cuidar e amar.
Tive o prazer de conhecer a trajetória desse grupo, das suas lideranças, sua ideologia de levar a informação, de realizar formações, buscar formas de mudar o sistema, criar estratégias e ter a criatividade para levar o que tanto precisamos: registrar e mostrar a caminhada do povo que o sistema tem aniquilado de tantas maneiras.
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Conheci também uma professora de inglês que tem realizado um trabalho de mestrado na USP e tem apoiado com seu conhecimento esse grupo e isso me fez acreditar ainda mais no amor. O amor pelo conhecimento, o amor e respeito pelo trabalho que realizamos e podemos realizar.
Saí nutrida de afeto de amigos que se fortaleceram na caminhada desafiadora do Covid, e pós pandemia seguem fazendo e recebendo de forma tão cuidadosa com as comidinhas, abraços e olhares agradecidos pelo que faço do outro lado da cidade, junto com este projeto amoroso que é o Obará.
Sei que muitas vezes nos endurecemos e seguimos sem acreditar nessa perspectiva, mas tenho fé que tantos os ancestrais, como aquelas pessoas comprometidas com o coletivo, com a comunidade, possamos nos fortalecer e construir novos caminhos para re-existir e transformar.
No caminho da viagem para o encontro com o Desenrola, estava lendo bell hooks e no livro “Tudo sobre o amor”, esta autora tão incrível, descreve no capítulo 8, Comunidade: uma comunhão amorosa”, que fala justamente sobre este tema e me fortaleceu a ideia em escrever o artigo sobre o cuidado coletivo. Porque após a minha chegada lá no espaço, vivi exatamente estes momentos em comunhão com o grupo.
Temos nossa ideologia e manter nossa resistência coletivamente nos abastece com a certeza que, as ações voltadas para o bem estar coletivo e para o nosso povo, trazem o sentimento de pertença e de que juntas podemos realizar coisas grandiosas.
Levar a mensagem para a comunidade, os coletivos, os quilombos, aos povos originários, mesmo que a vida seja cheia de desafios, mais dores que alegrias muitas vezes, mas que juntas somos um e mais fortes. Principalmente se cuidarmos uns dos outros, respeitar e acolher a individualidade, cultura e a essência de cada pessoa.
É um baita desafio, mas acredito na realização delas e vamos tomar o caminho para a vitória, segurando as mãos uns dos outros e fazendo acontecer.