Moradora de Osasco conta sobre relação entre coletividade e esporte na região

Solidariedade e coletividade foram temas que fizeram parte da Copa Terra Nossa, evento que, a partir do futebol de várzea, tem ressignificado a conexão entre os moradores do território.
Por:
Renato Souza
Edição:
Evelyn Vilhena

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Vitória de Cássia, 23, dona de casa, moradora de Osasco, região metropolitana de São Paulo, tem como atividade de lazer aos domingos, acompanhar os jogos da Copa Terra Nossa, competição de futebol de várzea que acontece no território, cujo objetivo é integrar a comunidade através do esporte. 

A importância da modalidade na vida de Vitória vai além dos momentos de lazer. Segundo ela, patrocinadores e a comunidade ajudam nos custos de casa com itens como cesta básica e fralda para seus filhos. Vitória conta que essa movimentação também vai além dos patrocínios, pois os jogadores e a comunidade sempre se ajudam. Ela também ressalta que entre as mulheres que frequentam o local esse senso de comunidade cresce de forma natural.

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Vitória de Cássia, 23, dona de casa, moradora de Osasco, região metropolitana de São Paulo, tem como atividade de lazer aos domingos, acompanhar os jogos da Copa Terra Nossa. Foto: Yasmin Turini

O que te traz até o campeonato Terra Nossa? Como é ver esse evento de pertinho? 

Comecei a acompanhar os jogos há 3 anos por causa do Jonathan, meu esposo, que joga no time Lobos. Ver os jogos é incrível. A emoção é algo que te envolve, e quando você percebe já está participando. Os jogos são muito emocionantes, especialmente quando você vê a disputa acirrada entre os dois times. Tanto no início, quanto no final, quando você vê os finalistas jogando, é pura emoção. Além disso, [tem] a emoção do público que se junta com a torcida e tudo mais.

Como você vê a importância do campeonato para os jogadores e a comunidade?

Mesmo com as adversidades no campo, os jogadores estão sempre unidos, apoiando uns aos outros. Além disso, o campeonato fortalece a comunidade, proporcionando um tempo de lazer, onde as pessoas se reúnem para assistir aos jogos. É uma disputa saudável, um ambiente natural […]. A Copa Terra é algo relativamente recente, mas desde que começou, muitas pessoas no bairro têm se reunido para fazer esse trabalho incrível que ajuda muito as famílias. Os patrocinadores contribuem com fraldas e outros itens essenciais que as pessoas pedem, o que é muito importante. 

Como é a relação desses patrocínios na sua vivência? 

Os patrocínios ajudam com fraldas e outros itens, e eu vejo isso como algo muito positivo. Minha filha mais velha, de quatro anos, sempre me acompanhou nos jogos do Jonathan. Inclusive, quando eu estava grávida da Maria Luiza, de nove meses, eu ia assistir aos jogos barriguda e os meninos do time sempre me ajudavam. Eles fizeram um chá de bebê para mim e me deram muitas fraldas e outros itens para o bebê. Hoje eles continuam ajudando financeiramente sempre que precisamos, seja para comprar leite ou qualquer outra coisa.

E sobre as suas filhas, você vê a possibilidade delas seguirem o caminho do futebol que ainda é visto como um ambiente majoritariamente masculino?

Se a Maria Luiza decidir seguir o caminho do pai eu com certeza vou apoiar, porque não vejo mal algum no futebol. Eu já ouvi muitas vezes o meu marido falar que quando ele joga futebol ele se desestressa dos problemas do dia a dia. Então eu super apoio. Minha filha mais velha, de quatro anos, já me acompanha nos jogos, e embora ainda não tenha se enturmado com as crianças que jogam, eu estou sempre apoiando.

Como é para você trazer as crianças para cá, especialmente as mais novas?

No começo era bem difícil, mas agora eu me dedico a estar aqui com as meninas para vê-las crescer assistindo o pai jogar futebol. Muitas vezes, o futebol foi o nosso ganha-pão. Por isso, eu tenho o maior prazer de trazer as crianças, mesmo com a dificuldade de ter um bebê de quatro meses. Venho sempre preparada, com leite, roupa de frio, carrinho e cobertor, para passar o dia apoiando o Jonathan. Além disso, as meninas de outros times sempre me ajudam, seja segurando o bebê ou ajudando com outras coisas. Dentro do campo, a rivalidade existe, mas fora dele, somos todas unidas.

Esse conteúdo foi produzido por jovens em processo de formação da 8° edição do Você Repórter da Periferia (VCRP), programa em educação midiática antirracista realizado desde 2013, pelo portal de notícias Desenrola e Não Me Enrola.


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