Oficinas online de Guarani estão com inscrições abertas

Edição:
Redação

Leia também:

 As oficinas trazem educadores que estudam e vivenciam as línguas e culturas Yorubá e Guarani e sua importância na formação sociocultural brasileira.

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos.


Aulas de Guarani por Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu, ambos da Aldeia Tape Mirim (Tenondé Porã), em Parelheiros.

Coletiva Tear & Poesia de Arte Têxtil Preta Nativa está com inscrições abertas para as oficinas de língua e cultura Guarani. Diante da pandemia, todas elas acontecem gratuitamente de forma virtual entre os dias 19 a 22 de outubro (mais informações abaixo).

As aulas trazem a importância dos idiomas na formação sociocultural do país, mostrando suas influências nos hábitos e costumes da população brasileira, seja na língua, alimentação, religião ou nas artes.

As oficinas serão transmitidas por meio de vídeos gravados previamente. As de Yorubá, que já estão com as inscrições finalizadas, iniciaram no dia 5/10 e seguem até 13/10, às 19h30, sendo dois dias reservados para tirar dúvidas, e ministradas pelo nigeriano Prince Adewale Adefioye Adimula. Já as de Guarani, com inscrições abertas, serão realizadas entre os dias 19 e 22/10, também às 19h30, com Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu, ambos da Aldeia Tape Mirim, que integra as terras indígenas de Parelheiros (SP). (Faça aqui a inscrição da oficina de guarani).

Idealizados por mulheres reunidas na Coletiva Tear e Poesia, que existe na zona sul de São Paulo há 20 anos, os encontros online integram o ‘Projeto Pangeia Entre Elos: Palavra de Mulher’, que tem como objetivo pesquisar as teorias da pangeia e a relação dos grafismos africanos com os grafismos nativos das populações indígenas brasileiras.

Chama-se pangeia o fenômeno ocorrido há mais de 200 milhões de anos, quando os continentes formavam uma única massa. O “supercontinente” foi pouco a pouco se separando em pedaços, a partir de acontecimentos naturais, transformando-se no que hoje conhecemos.

Segundo Rita Maria, coordenadora da coletiva, o intuito com as oficinas é dar uma base cultural e linguística às pesquisas que a organização realiza em 2020 sobre as similaridades entre esses grafismos. Até o fim do ano a coletiva pretende também lançar um livro em bordados e textos trazendo a pesquisa da ancestralidade africana e indígena e como se relacionam às vivências das mulheres nas periferias. Bordam em forma de luta por igualdade e valorização das identidades negras e indígenas.

“Temos como foco dialogar com a mulher em diáspora, tanto imigrantes africanas quanto latino-americanas e caribenhas, mostrando também semelhanças entre grafismos nativos brasileiros, indígenas, e africanos, buscando identificar similitudes sutis pouco estudadas e menos difundidas entre culturas originárias daqui e de África”, diz Rita. 

O Yorubá e sua importância no Brasil  

As oficinas de Yorubá, que já iniciaram,  serão ministradas por Prince Adewale Adefioye Adimula, 50. Nascido na cidade de Ilê Ifé, estado Osun da Nigéria, Prince chegou no país em 2001 e, em 2019, também naturalizou-se brasileiro. Desde a chegada, é sacerdote Baba Adimula em casas de religião de matriz-africana.

É líder de jovens africanos da Comunidade Yorubá de São Paulo e atua, ainda, no Centro Cultural Adimula Oodua, promovendo o intercâmbio cultural e histórico entre brasileiros e nigerianos, trazendo importantes figuras religiosas para cá ou realizando excursões para distintas regiões da Nigéria. “O Yorubá é muito usado no Brasil como ferramenta da liturgia nos cultos de Candomblé. A raiz é única, mas há particularidades que recebeu em território brasileiro, se diferenciando daquele que é falado na Nigéria, Benin ou Costa do Marfim”. 

A importância da língua e cultura Guarani 

 As oficinas de Guarani serão orientadas por Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu, ambos da Aldeia Tape Mirim (Tenondé Porã), em Parelheiros, zona sul de SP. Agricultor, Tupã Sérgio entende que “a cultura brasileira é a cultura guarani”.

Para ele, aprender a língua é uma forma de colaborar com as lutas dos povos indígenas, já que ainda há muitos preconceitos e estereótipos ligados aos povos que vivem em regiões urbanas. “É importante aprender para também ter respeito e valorizar a nossa cultura. Uma pessoa veio aqui e disse que éramos ‘modernos’ porque tínhamos celular e vestíamos roupas”, explica.

Para Tupã Sérgio, um dos maiores ensinamentos que obteve com seus mais velhos foi o Xondaro, conhecida como a arte marcial dos guaranis, servido também como um ritual de transição da adolescência para a vida adulta dos indígenas guaranis, com aspectos tanto físicos, quanto comportamentais e espirituais. “Isso me influenciou bastante. Na prática do Xondaro, aprendi a plantar, respeitar a natureza, os animais e as crianças”, diz. 

Sobre a coletiva Tear e Poesia

A Coletiva Tear & Poesia de Arte Têxtil Preta Nativa é constituída por mulheres residentes da periferia da zona sul da cidade de São Paulo, que atuam há mais de 20 anos na região, com uma trajetória de participações em eventos, espaços e atividades como ilustração do livro Santo Amaro em Rede do SESC; Virada Cultural, Programa Pétala por Pétala – SESC Interlagos; Saraus e Feiras Literárias. Bordam em estilo ancestral como forma de luta por igualdade de oportunidades e direitos e valorização da beleza e identidades de negras e indígenas. Se autodenominam “tecelãs do verso”, pois bordam poemas e histórias ligadas à memória afetiva e herança cultural feminina, com questões ligadas às mulheres negras e indígenas, as crianças, a natureza, a culturas populares, tendo cantos, danças tradicionais e brincadeiras da cultura popular como estimuladores em suas oficinas.

Sobre o projeto ‘Pangeia Entre Elos: Palavra de Mulher’
O projeto “Pangeia Entre Elos – Palavra de Mulher” foi criado a partir de um processo de pesquisa sobre cultura, idioma e grafismos dos povos indígenas e africanos, com o objetivo de perceber na identidade brasileira as raízes profundas com essas tradições. Por meio da arte têxtil, a coletiva quer conectar mulheres bordadeiras com suas ancestralidades. O processo original de trabalho envolve encontros de bordados e a produção de um livro coletivo, mas diante do isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus, as oficinas estão sendo ministradas de maneira virtual. Saiba mais: 

 Serviço

Oficinas de Língua e Cultura Guarani
Data: 19, 20, 21 e 22/10 (Guarani)
Horário: sempre às 19h30
Quem pode participar: livre para todos os públicos

Link para inscrições em Guarani: http://bit.ly/oficina-cultura-lingua-guarani

Contatos/ Redes Sociais: www.tearepoesia.com | Facebook e Instagram

Autor

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos.