OPINIÃO

Empreendedorismo sem mesmo saber o que é isso

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 Da panfletagem nos portões aos grupos do Face, a periferia arruma uma forma de mostrar serviço e fomentar o comércio local.

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Jardim Ibirapuera – Zona Sul – SP/18 – Foto: DiCampana Foto Coletivo

“Trabalhe enquanto eles dormem”. A frase que virou meme já é praticada na quebrada desde o início dos tempos. Seja com o deslocamento das bordas até o centro para trabalhar nas empresas ou com uma banquinha de verdura no ponto de ônibus, a quebrada sempre buscou formas de arrecadar a renda para manter as contas em dia, se alimentar e tirar um lazer. Hoje o espaço fica reservado para falar dessa segunda opção. O nome dela? Empreendedorismo. 

Dados são importantes, mas não precisa ir muito longe para ver que o empreendedorismo local cresceu (e muito), em virtude do índice de desemprego causado pela pandemia. Garagens de casa deram lugar a mercadinhos, barbearias, adegas e todos os comércios que se possa imaginar. E como mostrar serviço com a concorrência entre vizinhos e vizinhas aumentando? Em tempos não tão distantes era muito comum ver folhetinhos de pizzarias e mercadinhos pendurados no portão. Isso ainda é bem comum, mas, partindo do princípio que até para imprimir esses papeizinhos custam uma grana, o jeito é usar o boca-a-boca, ou a “rede-a-rede”. Nesse caso a rede social.

Talvez eu tenha chegado um pouco tarde e isso que estou relatando não seja nenhuma novidade, mas eu fiquei encantado quando, durante a pandemia, me colocaram em um grupo do Facebook que levava o nome do bairro vizinho de onde eu moro: “Cidade Ipava”. Apesar de números de 2019 mostrarem constante quedas nos números de usuários (5% de usuários a menos em relação ao ano de 2017, segundo o Datafolha) , aqui para esses lados quem empreende não está muito afim de sair de lá não. 

A troca parece justa: ao mesmo tempo que muitas pessoas aparecem pedindo dicas de lugares que entregam comidas específicas pelo bairro, os comércios fazem suas postagens oferecendo seus produtos. E comentários não faltam, seja para elogiar, aprovar e comprovar que o serviço oferecido é bacana, ou até mesmo críticas construtivas sobre tempo de entrega, etc, a população está unida, ali naquele espaço digital, para se fortalecer. O grupo não é exclusivo apenas para isso, sempre aparece por lá gente que achou documento em algum lugar, que está procurando um cachorrinho perdido…Mas o que mais bomba são os comércios.

Esse relato é para mostrar que, cabe a nós de periferia, fortalecer o comércio local, seja o vizinho que cresceu com a gente e sonhou a vida toda em abrir seu próprio negócio ou a mãe de família que saía cedo para pegar ônibus para trabalhar e agora fez da sua casa seu comércio. Não é sobre dores e perdas, mas sobre as potências criadas quando a periferia se une.

“Eu e você juntos somos nóis
Nós que ninguém desata.
A rua é nóiz

Emicida

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